Mapa de Altimetria:
Locais visitados:
Locais visitados:
601 km - Tratadelo - possui o rio Valcarce que acompanha o peregrino por cerca de 13km. Ruínas do castelo de Autares.
608 km - Vega de Valcarce - Igreja dedicada a Maria Magdalena que é padroeira dos pecadores e penitentes.
612 km - Las Herrerias - Onde oficialmente começa a subida ao Cebreiro. Parte de uma altitude de 675 metros e não para até chegar a uma altitude de 1296 metros, numa distância de 8,5 km. Normalmente é o caminho utilizado pelos ciclistas. Igreja com aspectos maciços construída em pedra, com destque para seu campanário.
615 km - La Fabla - Igreja dedicada a San Andrés e um castro romano.
Provincia de Lugo
618 km - Laguna del Castilla
620 km - Cebreiro - porta de entrada da Galícia. Muitas montanhas e subidas. Há uma cruz no alto da montanha. É um dos primeiros lugares que serviram de refúgio para acolher peregrinos que dirigiam-se a Compostela. Seu templo data do século IX e ainda assim pode ser considerado moderno quando comparado às outras construções de pedra que são anteriores a era cristã, tendo sido povoado provavelmente desde 1500 A.C.
631 km - Fonfria - Monumento Peregrino
638 km - Triacastela - Igreja de Santiago trata-se de uma construção em cima de outra arquitetura românica. Também conserva intacto o antigo cácere de peregrinos em cuja paredes vê-se inscrições e desenhos de galos feitos pelos prisioneiros de origem francesa.
Diário de Bike:
Quando acordo, ainda não me sinto 100% bem. Acho que minha imunidade está baixa e, para ajudar, parece que estou pegando um resfriado. Me arrependo de não ter trazido um complexo vitamínico... acredito que isso ajudaria a não ficar doente agora. As grandes alterações climáticas e o desgaste que nosso corpo sofre, começam a ter consequências. Fico muito feliz em poder contar com meu noivo nessa hora. Como me sinto debilitada, combinamos em fazer os últimos 150 km que faltam, em etapas de 50 km cada dia, ou seja, provavelmente teremos mais 3 dias pela frente.
Partimos de Vila Franca e evitamos pegar trechos em trilhas de terra, para tentar me poupar. Durante algumas subidas, seguro no antebraço de Filipe, que me ajuda a subir. É engraçado que, quando Filipe chegou, tive certeza que poderia concluir o caminho até Santiago... hoje começo a ter dúvidas e isso começa me abater. Mas Filipe me tranquiliza: "Ainda que eu tenha que puxar você por uma cordinha, posso garantir que você vai até o fim!", dou risada com ele. Me sinto um pouco depressiva com tudo isso, não sinto sequer vontade de fazer fotos... por isso, entrego a câmera para o Filipe e peço para ele fotografar o que quiser...
Quando chegamos na subida ao Cebreiro, temos que decidir se continuaremos pela 'carreteira' ou se vamos pelo 'camiño'. Paramos em frente a uma bifurcação e começamos a conversar sobre as possibilidades... eu gostaria muito de ir pelo camiño, mas Filipe acha que não estou em condições. De repente, sai um carro de uma vila próxima. Filipe faz um gesto e o carro para. Vamos até a janela e perguntamos um pouco sobre os detalhes da subida. O rapaz descreve tudo exatamente como já havia lido, ou seja, sei que não vamos conseguir subir pedalando, devido a inclinação e ao calçamento romano... teríamos que empurrar... fraca como me sinto, seria muita burrice. Por isso, por mais que esta decisão tenha me custado muito, vamos pela 'carreteira'. Mesmo seguindo por aqui, o rapaz nos 'preparou' para a subida... serão uns 10 km. Filipe pega uma corda, amarra minha bike na dele e em seguida partimos (com ele me 'puxando'). É impossível deixar aquela corda reta, a não ser que eu não pedale. Por isso, pedalo devagar e cuido para a corda não enrolar. Não está dando muito certo, mas não falo nada pra ele, não quero deixá-lo triste. A parte boa, era que não precisava olhar para frente. Quando o guidão entortava, a corda dava um tranco e projetava-me para a frente. Foi um momento engraçado.
Pedalamos em silêncio, apenas com ao som dos pneus e dos pássaros. Alias, esqueci de dizer, mas aqui se ouve muito 'cuco', acho uma gracinha.
Passamos para uma nova província, de Lugo - Galícia.
Quando ele percebe que a cordinha não está fazendo efeito, tiramos e continuamos como antes... seguro em seu antebraço, vez por outra, e seguimos subindo. As paisagens nos distrai de forma que nem percebemos todos os quilômetros.
Tenho dúvidas, se estamos no caminho certo. Por isso, decido parar e olhar em um guia.
O caminho aqui é mesmo fantástico! Imagino que talvez pela trilha seja ainda mais bonito, mas já que isso não me foi possível, serei grata por ver o caminho de 'outro' ângulo...
E subimos....
Após umas 2 horas subindo, praticamente sem parar, chegamos ao famoso Cebreiro! Aqui de cima, a vista é realmente muito bonita, fazendo valer a pena toda a subida!
A vila encontra-se povoada desde 1.500 A.C e fica a 152 km de Santiago de Compostela. Aqui surgiu um dos primeiros refúgios, que abrigavam peregrinos que seguiam a Compostela. Sabe-se que o povoado foi utilizado pelos romanos como via de acesso a terras 'galegas'. Ainda há quatro 'Palhoças' (casas), pré-românicas que pertencem ao patrimônio artístico da Espanha. Para nós, brasileiros, o lugar ficou famoso depois que Paulo Coelho escreveu o livro 'Diário de um Mago' e finalizou sua peregrinação por aqui (Embora não tenha lido este livro, por não compartilhar suas crenças, já ouvi muito sobre esta história que girou o mundo...).
A vila é bem pequena, mas tem um encanto difícil de descrever.
Antes de partir, decido comprar uma lembrancinha daqui, em uma loja que fica próximo a Igreja do Santo Milagre. A caminho, encontramos este monge e pedimos para fazer uma foto com ele, que muito prontamente aceita. Depois, temos uma agradável conversa com ele que nos diz que começará sua peregrinação, à partir daqui, amanhã. Aliás, muitas pessoas fazem isso, pois, para se conseguir a 'Compostelana' (Certificado do caminho), basta que tenha caminhado por 100 km ou pedalado por 200 km. Nos despedimos, de nosso 'amigo' monge, e ele nos deseja um 'Buen Camiño'!
Antes seguir, aproveitamos para fazer as últimas fotos lá de cima...
Depois do Cebreiro, subimos um pouco mais até o Alto del Poio (1.335m de altitude). Aqui, passamos pelo marco do local, a estátua de San Roque, um peregrino lutando contra o vento.
Após o Alto del Poio, há uma vila chamada Fonfria, onde há possibilidades tanto de comer, como dormir. Já ouvi dizer que no restaurante, há uma brasileira chamada Ângela, que faz o famoso lanche Bauru; mas não a encontramos por lá... Abasteci meu cantil de água e seguimos por uma longa descida até Triacastela. O tempo está mudando e a temperatura caindo rapidamente, por isso, paramos no primeiro albergue que encontramos... um ótimo lugar por sinal! Conseguimos comprar umas coisas para cozinhar nossa jantar, que fica muito mais barato que adquirir o jantar peregrino (que custa em torno de 10 euros por pessoa)... cozinhando no albergue, conseguimos gastar apenas 6 euros, comprando ingredientes do jantar e café da manhã... detalhe: para nós dois! O jantar faz sucesso e os peregrinos dizem que o cheiro está ótimo. Faço um macarrão, ao molho vermelho, com omelete recheado de ervilhas... Compramos até um vinho, que por aqui é comercializado em uma embalagem tipo leite (veja sobre a mesa)!
Depois disso, decidimos ir até um bar, que fica ao lado do albergue, para usar o wi-fi e tomar um café. Por lá, conhecemos um senhor muito simpático, que aos 70 anos está fazendo o caminho com uma mochila de 12 kg... ele nos conta que chega a fazer 50 km em um dia (tenho conseguido fazer isso pedalando). Ele é muito alegre e animado e nos conta que adora caminhar e se pudesse só faria isso na vida... mas como sua esposa não gosta, então o jeito é dividir seu tempo. Para o próximo ano, ele fará o caminho de 'La Plata', que vem do sul (Sevilha) para o norte, outro caminho de santiago. Quando vamos pagar nosso café, descobrimos que nosso amigo já pagou... Nos despedimos dele e voltamos correndo para o albergue, pois a chuva começa a cair e nossas roupas estão no varal.
Hoje a noite, teve por aqui, o que eles chamam de tormenta... é uma chuva muito forte com ventos que chegam a assoviar (assustador!).
Embora meu dia foi um pouco diferente do que gostaria, reconhecer minhas limitações é algo novo para mim. Por isso, serei grata a vida, por tudo o que mereci ter hoje! Obrigada...
Fonte de pesquisa:
http://www.oswaldobuzzo.com.br/artigos/as-cidades-do-caminho-frances---2
Partimos de Vila Franca e evitamos pegar trechos em trilhas de terra, para tentar me poupar. Durante algumas subidas, seguro no antebraço de Filipe, que me ajuda a subir. É engraçado que, quando Filipe chegou, tive certeza que poderia concluir o caminho até Santiago... hoje começo a ter dúvidas e isso começa me abater. Mas Filipe me tranquiliza: "Ainda que eu tenha que puxar você por uma cordinha, posso garantir que você vai até o fim!", dou risada com ele. Me sinto um pouco depressiva com tudo isso, não sinto sequer vontade de fazer fotos... por isso, entrego a câmera para o Filipe e peço para ele fotografar o que quiser...
Quando chegamos na subida ao Cebreiro, temos que decidir se continuaremos pela 'carreteira' ou se vamos pelo 'camiño'. Paramos em frente a uma bifurcação e começamos a conversar sobre as possibilidades... eu gostaria muito de ir pelo camiño, mas Filipe acha que não estou em condições. De repente, sai um carro de uma vila próxima. Filipe faz um gesto e o carro para. Vamos até a janela e perguntamos um pouco sobre os detalhes da subida. O rapaz descreve tudo exatamente como já havia lido, ou seja, sei que não vamos conseguir subir pedalando, devido a inclinação e ao calçamento romano... teríamos que empurrar... fraca como me sinto, seria muita burrice. Por isso, por mais que esta decisão tenha me custado muito, vamos pela 'carreteira'. Mesmo seguindo por aqui, o rapaz nos 'preparou' para a subida... serão uns 10 km. Filipe pega uma corda, amarra minha bike na dele e em seguida partimos (com ele me 'puxando'). É impossível deixar aquela corda reta, a não ser que eu não pedale. Por isso, pedalo devagar e cuido para a corda não enrolar. Não está dando muito certo, mas não falo nada pra ele, não quero deixá-lo triste. A parte boa, era que não precisava olhar para frente. Quando o guidão entortava, a corda dava um tranco e projetava-me para a frente. Foi um momento engraçado.
Pedalamos em silêncio, apenas com ao som dos pneus e dos pássaros. Alias, esqueci de dizer, mas aqui se ouve muito 'cuco', acho uma gracinha.
Passamos para uma nova província, de Lugo - Galícia.
Quando ele percebe que a cordinha não está fazendo efeito, tiramos e continuamos como antes... seguro em seu antebraço, vez por outra, e seguimos subindo. As paisagens nos distrai de forma que nem percebemos todos os quilômetros.
Tenho dúvidas, se estamos no caminho certo. Por isso, decido parar e olhar em um guia.
O caminho aqui é mesmo fantástico! Imagino que talvez pela trilha seja ainda mais bonito, mas já que isso não me foi possível, serei grata por ver o caminho de 'outro' ângulo...
E subimos....
Após umas 2 horas subindo, praticamente sem parar, chegamos ao famoso Cebreiro! Aqui de cima, a vista é realmente muito bonita, fazendo valer a pena toda a subida!
A vila encontra-se povoada desde 1.500 A.C e fica a 152 km de Santiago de Compostela. Aqui surgiu um dos primeiros refúgios, que abrigavam peregrinos que seguiam a Compostela. Sabe-se que o povoado foi utilizado pelos romanos como via de acesso a terras 'galegas'. Ainda há quatro 'Palhoças' (casas), pré-românicas que pertencem ao patrimônio artístico da Espanha. Para nós, brasileiros, o lugar ficou famoso depois que Paulo Coelho escreveu o livro 'Diário de um Mago' e finalizou sua peregrinação por aqui (Embora não tenha lido este livro, por não compartilhar suas crenças, já ouvi muito sobre esta história que girou o mundo...).
A vila é bem pequena, mas tem um encanto difícil de descrever.
Hora do almoço, básico.
Antes de partir, decido comprar uma lembrancinha daqui, em uma loja que fica próximo a Igreja do Santo Milagre. A caminho, encontramos este monge e pedimos para fazer uma foto com ele, que muito prontamente aceita. Depois, temos uma agradável conversa com ele que nos diz que começará sua peregrinação, à partir daqui, amanhã. Aliás, muitas pessoas fazem isso, pois, para se conseguir a 'Compostelana' (Certificado do caminho), basta que tenha caminhado por 100 km ou pedalado por 200 km. Nos despedimos, de nosso 'amigo' monge, e ele nos deseja um 'Buen Camiño'!
Antes seguir, aproveitamos para fazer as últimas fotos lá de cima...
Depois do Cebreiro, subimos um pouco mais até o Alto del Poio (1.335m de altitude). Aqui, passamos pelo marco do local, a estátua de San Roque, um peregrino lutando contra o vento.
Após o Alto del Poio, há uma vila chamada Fonfria, onde há possibilidades tanto de comer, como dormir. Já ouvi dizer que no restaurante, há uma brasileira chamada Ângela, que faz o famoso lanche Bauru; mas não a encontramos por lá... Abasteci meu cantil de água e seguimos por uma longa descida até Triacastela. O tempo está mudando e a temperatura caindo rapidamente, por isso, paramos no primeiro albergue que encontramos... um ótimo lugar por sinal! Conseguimos comprar umas coisas para cozinhar nossa jantar, que fica muito mais barato que adquirir o jantar peregrino (que custa em torno de 10 euros por pessoa)... cozinhando no albergue, conseguimos gastar apenas 6 euros, comprando ingredientes do jantar e café da manhã... detalhe: para nós dois! O jantar faz sucesso e os peregrinos dizem que o cheiro está ótimo. Faço um macarrão, ao molho vermelho, com omelete recheado de ervilhas... Compramos até um vinho, que por aqui é comercializado em uma embalagem tipo leite (veja sobre a mesa)!
Depois disso, decidimos ir até um bar, que fica ao lado do albergue, para usar o wi-fi e tomar um café. Por lá, conhecemos um senhor muito simpático, que aos 70 anos está fazendo o caminho com uma mochila de 12 kg... ele nos conta que chega a fazer 50 km em um dia (tenho conseguido fazer isso pedalando). Ele é muito alegre e animado e nos conta que adora caminhar e se pudesse só faria isso na vida... mas como sua esposa não gosta, então o jeito é dividir seu tempo. Para o próximo ano, ele fará o caminho de 'La Plata', que vem do sul (Sevilha) para o norte, outro caminho de santiago. Quando vamos pagar nosso café, descobrimos que nosso amigo já pagou... Nos despedimos dele e voltamos correndo para o albergue, pois a chuva começa a cair e nossas roupas estão no varal.
Hoje a noite, teve por aqui, o que eles chamam de tormenta... é uma chuva muito forte com ventos que chegam a assoviar (assustador!).
Embora meu dia foi um pouco diferente do que gostaria, reconhecer minhas limitações é algo novo para mim. Por isso, serei grata a vida, por tudo o que mereci ter hoje! Obrigada...
Fonte de pesquisa:
http://www.oswaldobuzzo.com.br/artigos/as-cidades-do-caminho-frances---2
Nós os dois sozinhos dificilmente conseguiríamos fazer fácil o que é difícil aos olhos de um mortal.
ResponderExcluirSomos uma equipa perfeita que tudo no final acaba em bem!!!
Você me faz falta, não consigo viver sem você a meu lado...
Tenho certeza que seria impossivel sem você! Preciso de você comigo!
Excluirmais uma etapa cumprinda muito lindo este caminho, sei que os obstaculos são muito mais quando temos um companheiro dando força fica mais facil. obrigado pelo carinho Filipe. bjs
ResponderExcluir