terça-feira, 7 de outubro de 2014

08-06-2013 - 3 dia - Zariquiegui a Los Arcos

Mapa de Altimetria:




Locais visitados hoje:


80,7 km - Alto do Perdón  


84,4 km - Uterga - Igreja gótica de La Assunción do séc. XVI e a basilica de San Salvador. 

87,1 km - Vila de Muruzábal - Igreja de San Steban e palácio barroco (bodega).

88,8 km - Obanos - Igreja San Juan Batista construída em 1912. Igreja românica de Eunate 

91,1 km - Puente de lá Reina - A majestosa ponte com seus seis arcos cruzando o rio Arga foi construída por ordem de Doña Mayor, esposa do rei Sancho, el Mayor, no séc. XI, para que os peregrinos que iam a Compostela o fizessem em segurança. 

96,4 km - Mañeru - há um lindo cruzeiro dando boas vindas ao peregrino. 

99,2 km - Cirauqui - Muralhas, portas de igreja, ruas sinuosas merecem ser explorados pelo peregrino. 

104 km - Lorca 

109,2 km - Villatuerta - um rio - Iranzú - corta a cidade. Puente románica. 

113 km - Estella - fundada em 1090, o rio Ega corta a cidade e possui muitas pontes romanas. 

120 km - Azqueta - monastério de Irache (samambaia) data do séc. VIII Igreja de San Pablo de origem medieval.

122 km - Viilamor de Monjardim - castelo de San Esteban 

134,2 km - Los arcos - basílica lindíssima! Santa Maria de Los Arcos, com uma torre renascentista do séc. XVI, inaugurada pelo rei Felipe II. Portal del Estanco e o Portal de Castilha, sendo que este ultimo é por onde saem os peregrinos. 

Diário de bike

Parece que acordei após uma surra. Meu corpo dói e minha mente está cansada. Ouço os peregrinos se arrumando e me pergunto se realmente vou conseguir levantar. Assim que todos saem, levanto e confiro o tempo lá fora... está frio e chovendo. Sei que não posso ficar aqui, preciso sair, mesmo que seja para acabar com tudo, desistir e ir para Portugal, encontrar meu noivo. 

Ainda no albergue, tento tomar um café e comer um pão... ontem me fez falta. Mas parecia que tinha um caroço de abacate na garganta, impedindo qualquer coisa de passar. Tomo o café e embrulho o pão doce para mais tarde. Dou uma olhada no facebook e Luiz, aquele rapaz de SP, me deixou um recado dizendo que havia dormido no mesmo albergue que meus colegas e avisou a eles que eu estava bem. Além disso, me disse que dormirão esta noite em Logroño. Sinto minha cabeça girar. Fico imaginando que se estivesse no lugar deles, não partiria, esperaria ou até mesmo voltaria até encontrar quem ficou para trás. Mas sei que é um grande erro achar que as pessoas fariam por nós o que nós seriamos capazes de fazer por eles. Cada um é cada um e uma pessoa só faz por outros o que é importante para si. 


Vou tentar mais este dia. Decido que se for para desistir vai ser amanhã, hoje ainda não!  Não quero passar frio, por isso, coloco muitas blusas, quase todas que trouxe. Ligo o Ipod, pois acho que a música vai ajudar a distrair. Pergunto para a dona do albergue, se há outra opção para subir ao Alto do Perdón, além daquela rota que tentei ontem. Ela me aconselha ir por ali, pois me diz que a estrada de asfalto (carreteira) é perigosa, ainda mais num dia de chuvoso como hoje. Respiro fundo e saio para enfrentar novamente a montanha. 

Meu alforge pesa uns 15 kg e minha bike uns 13kg. O caminho está uma lama só. Enquanto a inclinação não é tão intensa, consigo pedalar alcançando os peregrinos que saíram a pouco. Faço o possível para estar entre eles, pois não quero ficar sozinha por aqui. Mas está quase impossível, pois enquanto a bagagem deles pesa uns 11 kg a minha está com 28 kg e talvez até uma sensação maior, pois a lama nos pneus a fazem parecer ainda mais pesada. Começo a empurrar e, para meu desespero, a sinalização aponta caminhos diferentes... peregrinos a direita e 'bikes' a esquerda. Começo a andar mais rápido, para ver se os alcanço logo a frente. De repente, minha trilha acaba em um mato com altura na cintura. O desespero começa a bater novamente e brigo comigo mesma! Parte de mim está como uma criança assustada num canto de uma sala chorando e a outra está em pé brigando para que esta criança levante e pare de chorar. Empurro a bike com toda força que há em mim e consigo voltar para a trilha dos peregrinos. Ainda os tenho no campo de visão mas percebo que estamos chegando ao cume. Sinto um misto de alegria e dor. Tenho até vontade de tirar algumas fotos e não reprimo isso.






Quando subo um pouco mais, e vejo o marco do Alto do Perdón, sinto-me como se tivesse chegado à Santiago. Foi a coisa mais difícil que fiz até hoje, física e mentalmente, e tenho orgulho disso. Agora, a criança está no meio da sala, pulando sobre o sofá para comemorar sua primeira vitória no Camiño. Olho lá de cima, o que é possível ver neblina abaixo, e digo a mim mesma: 
'SEJA BEM VINDA AO VERDADEIRO CAMIÑO DE SANTIAGO DE COMPOSTELA'!









Bom, vencida a primeira etapa de hoje, preciso enfrentar a descida. Prefiro deixar os peregrinos se afastarem um pouco, pois para descer 'todo santo ajuda'.



Temo que com tantas pedras e buracos meu alforge acabe caindo novamente mas, graças a Deus, isso não acontece. Apesar de ter muitas pedras, a chuva de ontem deve ter gerado uma enxurrada de lama que ajudou a fixa-las um pouco no chão. Por isso, desço da bike apenas duas vezes; fazendo a descida praticamente sobre a bike. Quando termino, passo por um rapaz que estava no mesmo albergue que eu na noite passada. Ele me olha assustado e pergunta: Vocês desceu tudo isso de bike??? Eu faço uma cara de orgulho total e digo 'SIMMMM'! 

Na sequência, pego muitas retas. Apesar disso, não fica mais fácil, porque começa a chover intensamente. Em alguns momentos, passo em frente a alguns monumentos lindos, mas infelizmente, não consigo tirar fotos devido a chuva. A chuva deve também ter assustado os peregrinos, pois não vejo nenhum pelo caminho.





Antes de vir para cá, li sobre este trecho e descobri que há uma Igreja chamada Eunate, em estilo românica, datada do século XII. Ela fica fora do Camiño, mas dizem que vale a pena ir conhecê-la. Por isso, quando vejo a placa, sigo na direção indicada. Não é tão perto... devem ser uns 5 km até lá. Neste trecho não vejo uma pessoa sequer, isso me deprime um pouco. Mas quando chego e a vejo, sei que valeu a pena.




Encontro um senhor em uma plantação ali perto e pergunto se preciso voltar o trecho que acabo de fazer ou se posso seguir em frente para voltar ao Camiño. Ele sugere que siga em frente. Assim que volto a pedalar, começo a sentir um pouco de fome e, por isso, pedalo até o início de uma subida, encosto a bike e decido comer o pão doce, que peguei no albergue hoje cedo. Quando dou a primeira mordida, sinto que estou quase sem saliva na boca, o que dificulta a deglutição. A melhor alternativa seria cuspi-lo. Mas a tonta aqui, tenta engolir. Quando o pedaço chega na garganta, simplesmente entala, nem entra, nem sai. Arregalo meus olhos e procuro alguém, mas estou sozinha, no meio do nada. Meu coração quase sai pela boca imaginando que ali será meu fim. Em uma fração de segundos, decido que não será, não agora, não aqui!! Consigo forças para cuspir o pedaço. Sinto lágrimas saindo dos meus olhos, devido a força que fiz. Fico completamente arrasada com isso. Depois de alguns minutos, lamentando minha própria sorte, decido continuar. Subo na bike e pedalo sentindo uma raiva horrorosa... raiva de meus colegas, raiva de mim, por não ter ouvido as pessoas que diziam para não vir, raiva de meu fracasso, pois era assim que me sentia. Mas continuei pedalando... até voltar para o Camiño.

Enquanto estava entre os trechos de um ponto turístico, eu maldizia tudo e todos. Quando chegava em algum bairro, vila ou cidade, me distraía e me sentia um pouco melhor. E assim, fui seguindo em frente...








Um lugar que esperava muito conhecer, era Puente La Reina. Quando chego na cidade, estou com tanto frio que nem consigo aproveitar minha passagem por lá. Lembro-me de ter entrado em um café para tomar um chocolate quente. Lá dentro tinha calefação, o que ajudou a controlar um pouco meu frio. Aquela roupa toda, que havia colocado logo cedo, só havia servido para me aquecer até o ponto de fazer soar e, devido a isso, agora estava toda molhada e com mais frio. Enquanto estive lá dentro, me senti bem. No entanto, eu precisava sair... e quando tive de fazer isso, me custou todas as forças, aquelas que eu não tinha. Mas eu quero continuar... quero chegar em Logronõ, pegar minha credencial e continuar o Camiño sozinha! Aconteça o que acontecer, estou decidida a fazer isso!





A chuva enfim dá uma trégua e começo a ver mais peregrinos pelo caminho. Isso ajuda muito; me sinto bem melhor ao vê-los. A paisagem também é muito bonita e tudo tenta colaborar para que me sinta melhor. 




E assim sigo, pedalando, tentando me distrair e aproveitar meu dia...  






Vejo uma placa e sei que estou próximo a Estella. 




Amo plantação de uvas. Como estamos em um país, onde o vinho é muito importante, é claro que haveriam muitas vinhas... 





As casas nestas vilas são muito lindinhas!


O caminho começa a ficar cada vez mais difícil. Muita lama e em alguns pontos tem umas escadas, muito precárias. Passar nestes degraus, com os meus quase 30 kg de bike/bagagem, exigia muito de mim. Lembro-me que, após esta ponte, levei uns 5 tombos até conseguir subir com a bike. 


Na sequência, entro em uma trilha com tanto barro... me sinto tão sozinha. Todos aqueles pensamentos ruins começam a me atormentar de novo. Queria tanto uma companhia agora, para conversar, para me distrair. Já ouvi dizer, que quando desejamos algo, as coisas simplesmente acontecem e é exatamente assim... de repente surgem ciclistas espanhóis e portugueses. Passo pouco tempo com eles, mas é o suficiente para me sentir melhor. 




Chego em mais uma vila e faço algumas fotos.  





Em outro momento, há uma longa e ingrime subida. Começo a empurrar e sinto que não tenho forças. De repente, surge uma 'anja' se oferecendo para empurrar minha bike. Fico tão agradecida, mas sou tomada por uma vergonha e não tenho coragem de pedir para tirar uma foto com ela... é este cabelinho bem vermelho, logo atrás de mim...




Reencontro meus recém conhecidos amigos ciclista. Estão procurando um lugar para almoçar e me chamam para comer com eles. Aceito imediatamente! É a melhor hora do dia, depois do topo do Alto do Perdón. Eles são muito engraçados, dou muita risada. Quando perguntam se vim sozinha, digo que não e quando conto o que aconteceu ficam indignados! Sugerem até amarrar minha bike na deles, para que eu pudesse acompanhá-los. Por um instante, minha mente de 'Bob' (um desenho onde Bob tem uma mente muito criativa) imagino eles passando bem rápido por meus colegas e, logo atrás, puxada por uma corda, EU mostrando a língua pra eles, rs. Acho a proposta muito engraçada, agradeço, mas é claro que não aceito. Logo que terminamos nosso almoço e seguimos em frente.  







Não consigo acompanhá-los por muito tempo, pois eles tem pressa. Farão o caminho em apenas 9 dias, então tem que fazer quase 100 km por dia. Mas a companhia deles, por algum tempo, foi muito importante para mim. É uma pena não ter pego o e-mail ou facebook deles...

Faço as últimas foto com minha querida câmera.








Vou tirar uma foto em frente a catedral de Estella, quando a câmera cai de minha mão com a lente aberta. Sou tomada de um desespero que nem sei como descrever. Sei que não é exatamente só pela câmera... mas isso cai como uma bomba em mim. Sento-me na sarjeta, verifico que ela está mesmo quebrada e choro... muito. Novamente, a minha criança interior vai para o canto da sala chorando. Enxugo as lágrimas e digo a mim mesma: 'Se consegui subir aquela montanha hoje, sozinha, na chuva, consigo arrumar outra câmera e seguir em frente! Saio pelas ruas de Estella perguntando onde tem um local que eu possa comprar uma nova câmera. Me explicam que, ao final da rua, há uma rodovia e um posto de gasolina com um hipermercado, destes grandes. Sigo até lá, mas quando chego, olho em volta e penso: 'Onde deixarei minha bike?' Imploro ao segurança que me deixe entrar com a bike, pois temo que se deixá-la fora roubem as minhas coisas. Estamos tão sujas, bike e eu, que acho que o rapaz não permitirá. Mas minha cara deve estar péssima e ele fica comovido. Entramos pela porta da frente e fui ao encontro de uma câmera. Acho uma com a qualidade bem inferior a que acabo de quebrar. A minha tinha 18x de zoom com 16 MP. Esta tinha 5x de zoom e 10 MP. Mas como não posso gastar muito, e temo quebrar outra nessa chuva, decido comprar esta. 

Assim que saio do hipermercado, era para estar feliz. Mas não estou... Sei que meus colegas irão dormir em Logroño e estou fazendo de tudo para alcançá-los, mas não tenho certeza se vou conseguir. Sento no chão e fico parada pensando o que fazer. Um rapaz, com cabelo rastafari, chega próximo e pergunta se estou bem; detalhe: em português. Nesta carência que eu estava, a importância de poder se comunicar, abrindo seu coração deixando as palavras sair... é algo indescritível. Este brasileiro trabalha no posto de gasolina do hipermercado. Veio falar comigo depois que viu minha camiseta com a bandeira do Brasil. Começo a chorar e não consigo falar. Assim que me acalmo, explico a ele que queria chegar em Logroño, para encontrar meus colegas, mas sei que depois de Estella tem uma grande subida e não vou conseguir. Ele concorda, afinal, me diz que ainda falta uns 40 km até lá. Mas ele sai e me diz para aguardar um pouco. Volta com um rapaz que diz que vai me ajudar. Ele se oferece para me dar uma carona até o final da subida. Nem acredito no que estou ouvindo, mas aceito. Colocam minha bike em seu carro, tipo Fiorino,  dou um abraço no meu amigo brasileiro que nem sei o nome, ou e-mail, subo no carro e partimos. Quando chegamos ao fim da subida, ele diz que me levará um pouco mais a frente. Durante sua carona, passo por lugares que estava ansiosa de conhecer, como a bodega Irache, da fonte de vinho, e da casa do Pablito. Isso me dói tanto!! Mas não estou em condições de pedir que ele pare. Depois de uns 15 km, ele para em um ponto que a estrada é 'cortada' pelo Camiño. Agradeço imensamente meu mais novo 'anjo' amigo, desço e volto a pedalar. 

A temperatura e a chuva voltam a cair. Encontro mais um grupo de quatro ciclistas espanhóis, muito simpáticos. Paramos para fazer uma foto, com minha 'câmera' nova, em um local interessante, como se fosse uma piscina, no meio do caminho.




Pedalo durante um tempo com eles, mas logo vou ficando para trás. Estou péssima, me sinto fraca, com frio e ainda sinto minhas rodas presas. Continuo pedalando na esperança de esquentar, mas isso não está funcionando. Estou me sentindo cada vez mais fria. Meu velocímetro parou, por causa da chuva, e não tenho a menor noção de onde estou ou se falta muito para chegar... meu Deus, que dia! Preciso de uma trégua... Encontro uns peregrinos, que estão parados comendo, e pergunto a eles se acham que estamos próximos de alguma cidade. Dizem suspeitar que estamos a uns 4 km de Los Arcos. Agradeço e sigo por mais uns 200m pedalando. Mas não aguento mais... Pulo da bike em um desespero horroroso e começo a tirar todas aquelas blusas molhadas. Fico apenas de top e calça. Os dois peregrinos percebem que há alguma coisa errada e se assustam. Os dois vem correndo em minha direção perguntando o que está acontecendo. Olho para eles, em total desespero e digo: 'Não estou bem... estou com muito frio, devo estar tento uma crise de hipotermia'. Eles colocam a mão em mim e se assustam. Imediatamente eles começam abrir os meus alforges. Mostro onde há outras roupas; eles me ajudam a vestir. Minhas mãos estão tão frias, que não consigo fechar o zíper; eles fecham pra mim. Me dizem que não é para eu me preocupar, pois estarão logo atrás de mim e se eu precisar de ajuda eles farão o que fosse preciso. Agradeço, subo na bike e volto a pedalar. 

A cidade estava mesmo próxima e logo na entrada havia um ponto de apoio ao peregrino, com máquinas de bebidas quentes. Tomo dois chocolates quentes, subo novamente na bike e vou até o primeiro albergue. Quando chego, entro rapidamente e digo que preciso tomar um banho. Tiro minhas coisas da bike e vou correndo para o banheiro. Fico uns 30 minutos na água bem quente (quase alaguei o banheiro todo, pois o ralo estava meio entupido). Quando sai, descobri que estava 7 graus e com esta chuva, todos estão sentindo muita dificuldade. Peço para o rapaz da recepção para dormir sozinha. Ele me explica que aqui não há quartos exclusivos, mas é tão gente boa, que consegue um quarto privado, com duas beliches, e promete que tentará não colocar mais ninguém ali. E assim o faz. Pago E$ 11. 

Estou faminta, mas esta é a hora da soneca do povo aqui e, devido a isso, tudo na cidade está fechado. Pergunto a uma moça boliviana, que trabalha no albergue, se não há nada que ela possa me vender... acho que ela tem pena de mim e me dá um pouco de batata e macarrão. Começo a fazer uma sopa somente com estes ingredientes. Enquanto isso, observo que o senhor ao meu lado fazendo um prato lindo com feijão, tomates, ovos, pão e serve um vinho para acompanhar. Ele serve seu prato e deixa um pouco na panela (propositalmente, eu acho). Vira pra mim e pergunta: 'Você quer?' Neste momento, acho que quase entro dentro da panela. Termino de cozinhar as batatas e o macarrão e misturo tudo. Olha o feijão dele!


Quando me sento a mesa, há duas alemãs conversando animadamente e rindo muito. Há também uma americana e este senhor que me deu um pouco de sua comida. Quando começo a comer, lembro-me deste dia e fico calada, pensativa. As duas alemãs puxam papo comigo e querem saber o que está acontecendo, o que estou achando do Camiño. Então, conto tudo o que passei hoje e uma delas, começa a chorar junto comigo. Mas digo que agora estou bem... sinto-me emocionada com o fato de ter ganhado a comida e que sou tão grata por isso; está tão gostosa! Explico que eu não tinha nada para comer e agora minha refeição ficou muito boa! De repente, as duas levantam e enchem a minha frente com coisas de comer... e me dizem: 'Pronto! Agora você tem muitas outras coisas para comer e ficar com uma carinha melhor!!' Era tanta coisa que nem consegui comer tudo. Abaixo a foto de meu jantar e de alguns dos meus anjos de hoje.




Quando termino, vou lavar minha roupa. Coloco até o tênis na máquina, que lava e seca.


Vou para a sala aguardar a roupa lavar. Vejo uma menina sentada lendo algo, próximo a lareira. Olho o livro e descubro que é de Paulo Coelho, sobre o Camiño. Ela me sorri e eu retribuo um sorriso meio amarelo. Sento-me para conversar com o Filipe e tento contar, e ao mesmo tempo poupá-lo, sobre meu dia de hoje... Enfatizo as partes boas, principalmente a do jantar. Há muitas pessoas por aqui tentando se aquecer, visto ter uma lareira acesa. Observo um senhor olhando pra mim, como se tivesse tentando entender o que falo em português. 

Quando minha roupa está seca, subo para o quarto e caio na cama, sozinha. Durmo muito bem, me sinto em paz... apesar do dia ter sido puxado, acho que é o dia em que durmo melhor, desde que cheguei por aqui!


7 comentários:

  1. Simplismente fantástico acompanhar, mesmo que passado e de longe... me emociono com cada estágio!!! Cenas dos próximos capítulos por favor ... bj Pâm!!

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  2. estou me debulhando em lagrimas!!!!!!!

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    1. Mamaezinha, sua filhinha é forte, não precisa chorar, tabom?

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  3. kkkk Pam, você é minha garantia de alguém vai ler tudo isso! Escrever para você me dá uma grande satisfação

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  4. não é só a pamela que vai ler eu ja li 3 vezes e sei que vou ler muito mais bjs

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  5. O que significa o dia de hoje? Vai melhorar, não vai? Vc me contou esse episódio, mas agora lendo com essa riqueza de detalhes... é como se eu estivesse ao seu lado vendo vc passar por esses perrengue todos!

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